A crise sanitária que estamos a atravessar não tem apenas efeitos negativos. Na verdade, este vírus Covid 19 tem a audácia de se posicionar como revelador das nossas necessidades profundas e tem o mérito de destacar os nossos limites de aceitação. Além disso, de acordo com vários estudos, parece que a adaptação a esta pandemiaocorre de forma muito diferente consoante se esteja localizado numa zona rural ou se se reivindique como um citadino perfeito.
Uma mudança significativa no domínio profissional também se revela fonte de questionamentos. Com efeito,o teletrabalho, muitas vezes criticado e não aceite pelos empregadores há apenas um ano, é agora quase generalizado. Esta nova forma de abordar a relação com o emprego permitiu a muitos cidadãos experimentar outro estilo de vida, ou pelo menos sonhar com ele. Às vezes, alguns até se habituaram a ele. 
Para aqueles que estão convencidos do teletrabalho, surgem outras questões relacionadas com um condicionamento social que se está a desmoronar gradualmente.“ E se eu preservasse a minha qualidade de vida trabalhando remotamente a partir de um local que me proporciona bem-estar? Será que sou obrigado a continuar a esgotar-me com este ritmo louco, a perder tempo precioso nos transportes para chegar irritado, ao início da noite, ao meu apartamento sem jardim?
Não foi preciso mais do que isso para constatar um forte renascimento do interesse pelas nossas campinas por parte dos citadinos exaustos pelo ritmo frenético das cidades. Repatriados para o campo por alguns dias, algumas semanas e, às vezes, até alguns meses, alguns não querem mais partir, outros iniciam os trâmites para se estabelecerem definitivamente no campo. No entanto, deixar a cidade e as suas vantagens não é assim tão simples e não é uma opção para todos. A mudança de vida é importante e não se improvisa!
O campo: um lugar privilegiado para se isolar?
O campo… Sonhou com ele durante o confinamento? Talvez até tenha passado alguns dias lá? Ou talvez faça parte das muitas pessoas que optaram por fugir para umambiente mais saudável por medo de sufocar na cidade?
Sem ageneralização do teletrabalhono mundo profissional, essas escapadas para o campo não teriam sido possíveis. A gestão do coronavírus, liberticida se é que há alguma, colocou nas suas mãos algumas ferramentas importantes para abordar a sua vida de forma diferente. Os sucessivos confinamentos apontaram as dificuldades, para alguns, de viver na cidade e a vantagem, para outros, de evoluir em plena natureza.
Mas,viver no campo,será realmente a panaceia? Entre o sonho e a realidade, entre a teoria e a prática, há muitas vezes um mundo de diferença: será esse também o caso destes novos amantes dos grandes espaços?
O que esperam encontrar os citadinos no campo?
Arelação com a economia e os gastosé bem diferente nas zonas rurais e no centro da cidade. Muitos citadinos denunciam o facto de trabalharem para ganhar dinheiro suficiente para sobreviver na cidade, um lugar onde tudo é tão caro. Rendas exorbitantes, solicitações constantes e gastos fúteis são comuns.
A conexão com o outro e com a naturezacontinua a ser um dos argumentos favoritos das pessoas que anseiam por ar fresco. Na cidade, a perda do vínculo social é uma triste realidade que pesa muito sobre os ombros dos citadinos oprimidos.A qualidade e o ritmo de vidalevam-nos a fugir deste modo de vida que há muito tempo suportam. O desejo de espaço, a necessidade de sentir uma sensação de liberdade e de evoluir num ambiente mais tranquilo acabam por convencer os mais reticentes.
Mas o campo também é, por vezes, uma realidade mais difícil, com:
- menos ofertas de emprego,
- serviços menos diversificados,
- cultura menos acessível,
- e meios de transporte mais complexos.
Embora os citadinos que partem procurem, na maioria das vezes, um compromisso entre a cidade e o campo profundo, a solidão e a lentidão também podem assustar e exigem, no mínimo, um certo tempo de adaptação.
O teletrabalho generalizado pela crise da Covid-19: um trampolim para partir para o campo?
Mudar-se para o campo é algo que não sai da cabeça de muitas pessoas que aspiram a uma casa no meio da natureza e a recuperar uma qualidade de vida que não coloque mais o trabalho no centro do mundo familiar. O ritmo de vida frenético da cidade não permite mais que famílias, casais e pessoas solteiras aproveitem realmente o momento presente. O teletrabalho, providencial, oferece-lhes uma saída!
Uma vida neorural: a felicidade está realmente no campo?
Embora viver no campo tenha vantagens indiscutíveis e bastante agradáveis, é fundamental abordar uma mudança tão importante na sua totalidade.
Durante o confinamento, na cidade, sonhou com:
- espaços verdes,
- um jardim junto à sua casa,
- de um regresso a uma vida mais simples e serena,
- de passear pela floresta ou pelos campos,
- de manter algum contacto social com os seus vizinhos.
O campo oferece facilidadespara satisfazer esses desejos, isso é certo. O teletrabalho, agora validado por muitas empresas, permite concretizar esse desejo que o leva a partir para outro lugar. No entanto,viver no campo também apresenta algumas dificuldades de adaptação para alguns e alguns inconvenientes a serem considerados antes de se instalar naquela pequena aldeia dos seus sonhos. Deixar a cidade para viver em plena natureza na casa dos seus antepassados é completamente diferente de se instalar definitivamente no campo. A sensação de ar fresco, a alegria de viver num espaço mais saudável e selvagem durante o confinamento também podem dar lugar, a longo prazo, a uma solidão e a uma perda de referência que não devem ser minimizadas.
Não se esqueça das razões pelas quais decidiu mudar-se para a cidade, antes que o coronavírus batesse à porta do nosso mundo. Muitas vezes, os citadinos estão muito ligados ao seu estilo de vida urbano e a fase de adaptação é, por vezes, mais difícil do que o previsto. Já pensou nas facilidades urbanas que tornavam a sua vida agradável? Está pronto para abandoná-las e se adaptar de forma diferente para se mudar para uma aldeia tranquila, às vezes longe das comodidades que conhecia, sem transporte público regular?A aventura é possível e bela, mas pense em prepará-la com antecedência e não se deixe levar por utopias. Não nos esqueçamos, por exemplo, desses agricultores, apaixonados pelo campo, que têm tanta dificuldade em pagar as contas. A “espiritodafazenda.pt” faz questão de reverter parte do seu faturamentopara a associação “solidariedade camponesa”.
Um êxodo urbano para um regresso à terra: não só!
Deixar tudo para trás e partir para o camponão é uma exclusividade deste ano de 2020. O êxodo urbano começou há já alguns anos, com o regresso à terra de idealistas e ecologistas convictos, em busca de uma vida mais em sintonia com a natureza.
Hoje, as pessoas que anseiam pelo campo têm perfis muito diferentes, o que leva a uma nova neoruralidade de grande diversidade. Os exilados das cidades são numerosos, como:
- jovens em busca de sentido e valores humanos bem enraizados,
- aquela mãe de família em busca de uma vida mais próxima dos seus filhos,
- aquele executivo que foge da agitação da cidade, mas continua ligado à sua empresa, para a qual agora trabalha remotamente.
Incentivar esse movimento poderia permitir o repovoamento de aldeias, por vezes isoladas, com pessoas e famílias que podem trazer competências e pontos de vista muito diversificados para a comunidade rural.strong>. A busca por uma melhor qualidade de vida está na base dessa migração para o campo. Esse desejo por uma vida diferente se manifesta de maneiras muito diversas, e o retorno à terra não é mais a única fonte de motivação dessas pessoas encantadas pela vida rural.
Este vírus, elemento desencadeador de uma tomada de consciência
O coronavírus entrou nas nossas vidas há pouco mais de um ano, alterandoos nossos pontos de referência, os nossos códigos e os nossos hábitos. A adaptação não é fácil, mas o ser humano mostra mais uma vez a sua capacidade de resiliência. Sem minimizar o impacto deste vírus perturbador nas nossas sociedades, é também bom constatar que ele se revela um revelador das nossas necessidades e nos leva, após vários meses de confinamento, a fazerescolhas de vida bastante estratégicas.
Este confinamento permitiu a muitos de nósquestionar um estilo de vida que atingiu os seus limites, mas também as nossas expectativas e objetivos. A Covid-19 revelou, de forma abrupta e direta, as nossas prioridades. Obrigou-nos a isso, sem concessões e de forma um pouco desajeitada!
Para muitos de nós, o acesso ao teletrabalho alterou a nossa relação com o mundo profissional e a forma como encaramos o nosso emprego. Empresas e funcionários percebem que trabalhar a partir de casa, com as vantagens que isso acarreta, é mais do que viável, pelo menos em parte, e pode até, para certos perfis de funcionários, revelar-se mais do que benéfico.Abrir os olhos para uma população que se mantinha em apneia no mundo do desempenho, da rentabilidade e da imediatismo.O campo surgiu então como o lugar ideal para recomeçar do zero e repensar a vida.
Fugir para o campo: sim, mas e depois?
Está decidido: o confinamento esgotou a sua paciência. Decidiu
Quer enfrentar o seu dia a dia com mais facilidade e livrar-se da sociedade de consumo omnipresente na cidade? Conseguiu transferir o seu emprego para viver no campo, os seus projetos estão a tomar forma? Tem a certeza de que pode passar facilmente sem as facilidades e comodidades da cidade? Não sentirá falta de um restaurante, um ginásio, um teatro e um cinema?
A mudança de vida pode ser realmente radical e, mesmo que uma necessidade urgente o leve a se distanciar da cidade, pense em confirmar se essa escolha é a certa para si e para o seu entorno antes de se lançar nessa extraordinária aventura rural.
Enquanto isso,nosso site espiritodafazenda.ptleva você ao universo da fazenda para abordar suavemente, com seus filhos, sua futura mudança de vida. Nonosso blog, partilhamos alguns artigos atuais para o ajudar na sua mudança para o campo e entretemos os seus filhos com algumas publicações lúdicas e atividades para fazer em família. Siga-nos também nas redes sociais para diversão garantida!